A história da mística Santa Gemma Galgani – Santo do dia 11/04

A história da mística Santa Gemma Galgani

Uma santa extraordinária, de sensível beleza, uma jovem simples, que é modelo para os jovens de hoje.
Deixou escritos de intensa simplicidade e de muita profundidade e sinceridade de coração, que são reflexos claros das maravilhas da graça na alma dessa santa que viveu, no
próprio corpo, as dores do Crucificado.

CHAGADA COM OS ESTIGMAS TEM AINDA A GRAÇA DE SER CELEBRADA NA SEMANA SANTA. DEUS E SEUS CAPRICHOS

“Eu não procuro mais nada; sacrifiquei tudo e todos a Deus; agora eu me preparo para morrer. Agora é mesmo verdade que não me resta mais nada, Jesus. Eu recomendo a minha pobre alma a Ti… Jesus!”

Infância e caminho de fé

Santa Gemma Galgani (1878-1903) nasceu em Lucca, um vilarejo italiano e desde criança manifestou grande desejo pela oração graças a sua mãe. Esta morreu muito cedo de tuberculose e o pai de Gemma deixou a pequena aos cuidados do semi-internato das Irmãs de Santa Zita.

De tanto insistir, recebeu a primeira comunhão aos 9 anos. Ela dizia: “Dá-me Jesus… e verás quão boa eu serei. Eu vou mudar bastante“.

Anos mais tarde, quando ela já tinha 19 anos, seu pai veio a falecer e infelizmente os gestores de sua empresa não souberam administrar o dinheiro, perdendo tudo, o que deixou ela e seus irmãos em condições de pobreza.

O sofrimento começava a fazer parte de sua vida. Ela desenvolveu uma séria doença na coluna e além disso, contraiu meningite; em pouco tempo seus braços e pernas começaram a paralisar. Foi neste momento que se apegou a São Gabriel Possenti de Nossa Senhora das Dores (na época Venerável) e passou vê-lo todas as noites perto de sua cama.

Certa noite, quando achava que sua morte se aproximava, ouviu o barulho de um terço a mover-se; era o santo. Este lhe pediu de fazer uma novena em honra ao Santíssimo Coração de Jesus para alcançar a cura. Ao final dos nove dias Gemma estava de pé para a alegria e espanto de todos.

Partes da história de Santa Gemma
À esq. Santa Gemma. No canto dir. acima o momento de sua morte e abaixo, a família que a adotou.

Estigmas

Gemma cultivava em seu coração a ideia de entregar-se a vida religiosa, todavia o Senhor lhe reservava outros planos.

Certo dia, enquanto pensava sobre isto, ela se pôs a orar e de súbito entrou em êxtase, sentindo um profundo pesar pelos seus pecados. Foi então que a Virgem Maria se apresentou e disse: “Meu filho Jesus te ama sem medida e deseja dar-te uma graça. Eu serei uma Mãe para ti. Serás uma verdadeira filha.”

Foi então que ela viu Jesus com todas as suas chagas em fogo e rapidamente as chamas atingiram suas mãos, pés e coração.

“Senti como se estivesse morrendo, e eu teria caído no chão, se minha Mãe não me tivesse segurado, enquanto todo esse tempo eu permanecia sob o seu manto”.

Gemma relata que permaneceu naquela posição por várias horas e quando acabou, caiu de joelhos, sentindo fortes dores nas mãos, nos pés e no coração.

“Levantei para ir para a cama, e percebi que saía sangue dessas partes onde sentia dor. Cobri-as o melhor que pude, e, ajudada então pelo meu Anjo, pude ir para a cama…”

Entre anjos e demônios

Gemma tinha experiências muitos ricas com seu Anjo da Guarda; muito provavelmente sua pureza atraiu seu fiel guardião e tinham longas conversas. Oravam juntos diversas orações e os salmos, além de meditarem a Paixão de Cristo.

Foi então que no ano de 1902 Gemma se ofereceu a Deus como vítima pela salvação das almas; logo depois ficou extremamente doente. Seu estômago não aceitava nenhum tipo de alimento, tempos depois começou a expelir sangue.

Junto a isso iniciou-se em sua alma um período intenso de aridez espiritual, com ataques do próprio demônio. Ele tentava convencê-la de que Deus a havia abandonado e como não obtinha sucesso por vezes a atacava fisicamente.

Testemunhas diziam que ela recebia golpes e que o demônio lhe aparecia em forma de bestas que a atacavam de forma feroz.

Seu corpo se fragilizava mais e mais até que no dia 11 de abril 1903, já sem forças, pediu o viático:

“Eu não procuro mais nada; sacrifiquei tudo e todos a Deus; agora eu me preparo para morrer”. Agora é mesmo verdade que não me resta mais nada, Jesus. Eu recomendo a minha pobre alma a Ti… Jesus!”

Gemma sorriu e pendeu a cabeça para o lado dando seu último suspiro. Ela tinha 25 anos.

Orações para pedir a intercessão de Santa Gemma

Aqui me tens prostrada a vossos pés Santíssimos, meu querido Jesus, para manifestar-vos em cada instante meu reconhecimento e gratidão por tantos e tão contínuos favores como me haveis dado e que todavia quereis conceder-me.

Quantas vezes os tenho invocado, Oh! Jesus, me haveis deixado sempre satisfeita; tenho recorrido a vós, e sempre me haveis consolado.

Como poderei expressar meus sentimentos amado Jesus? Vos dou graças… mas outra graça quero de Vós. Oh!, Deus meu, se é de vosso agrado… (Aqui se manifesta a graça que se deseja conseguir). Se não fosseis Todo-Poderoso não vos faria esta súplica. Oh! Jesus, tende piedade de mim. Faça-se em tudo vossa Santíssima vontade.

Pai-Nosso, Ave-Maria e glória…

Oração para obter a cura de um enfermo

Oh! minha celeste padroeira Santa Gemma, por vossa ardente caridade para com o próximo sofreste, na terra, longas e cruéis enfermidades. Lembrai-vos de que, se Deus vos exaltou a tão grande glória, por para que, do Céu, consolásseis os aflitos, convertêsseis os pecadores e curásseis os enfermos.

O pensamento de que milhares dos que a vós recorreram foram socorridos, me anima a pedir a graça que tanto desejo. Restituí, pois, pelo amor de Jesus, restituí perfeita saúde ao meu enfermo.

Oh! Santa Gemma, ouvi esta minha prece! Vós não me haveis de recusar esta graça, se for da vontade de Deus. Eu não a mereço, mas confio inteiramente em vossa poderosa intercessão. Amém.

TRECHOS DO MANUSCRITO AUTOBIOGRÁFICO:

O CADERNO DOS MEUS PECADOS

Contato com o diabo:

“Segundo conta padre Germano, em seu livro sobre a vida de Santa Gemma Galgani, o Diabo estava tão enfurecido com estes escritos que usou de todos os artifícios para destruí-los.
Quando ela concluiu os manuscritos, padre Germano pediu que os entregasse primeiro aos cuidados de sua mãe adotiva, a senhora Cecília Giannini, para que os guardasse, esperando a oportunidade de entregá-los. Passados alguns dias, Gemma viu o Diabo passar, rindo, pela janela do quarto onde ficava a gaveta na qual estavam guardados os manuscritos, e depois desaparecer no ar. Acostumada com tais aparições, como vemos em seu diário, ela não suspeitou de nada. Todavia, o Diabo retornou logo depois para molestá-la, como acontecia frequentemente, mas não teve êxito. Furioso por ter falhado, o Diabo saiu rangendo os dentes e declarando exultante: “Guerra, guerra, o teu livro está em minhas mãos”. Ele havia roubado os escritos da gaveta e agora estava de posse deles.

Ao perceber que seus escritos estavam nas mãos do Diabo, Gemma escreveu imediatamente a seu diretor, contando–lhe o ocorrido. Contou também o fato a sua benfeitora, Cecília Giannini, a quem devia obediência, tendo a obrigação de partilhar de todos os acontecimentos extraordinários que lhe sucedessem. Elas foram até o quarto, abriram a gaveta e viram que os escritos já não estavam ali. Imediatamente, elas comunicaram o fato ao padre Germano, que ficou profundamente
consternado pela perda do tesouro. Padre Germano não sabia o que fazer e foi rezar junto ao túmulo de São Gabriel da Virgem Dolorosa, amigo espiritual de Gemma Galgani, buscando uma luz diante do ocorrido. Em oração, uma ideia lhe veio à mente: decidiu que exorcizaria o demônio para que devolvesse os manuscritos, caso ele os tivesse realmente roubado, e assim o fez. Voltou para o convento, tomou a estola, o ritual do exorcismo e água benta, e retornou para junto do túmulo do já falecido servo de Deus, Gabriel da Virgem Dolorosa, e lá, apesar de estar bem distante de Lucca, onde os manuscritos haviam sido roubados, pronunciou o rito de exorcismo na sua forma regular. Padre Germano diz que Deus ouviu suas preces e, na mesma hora, os escritos foram devolvidos ao lugar de onde haviam sidos retirados alguns dias antes. No caderno estavam as provas de que o Diabo tentara destruí-lo: as páginas estavam chamuscadas de cima a baixo, e queimadas em algumas partes, como se cada uma delas tivesse sido exposta ao fogo separadamente…”

 

Mais sobre ela:

Santa Gemma Galgani Mí­stica da redenção

A figura mística de Santa Gemma Galgani continua a fascinar pela sua única experiência espiritual que nos permitiu de conhecer a vontade de Deus. Uma experiência que ainda hoje pode aquecer o coração e iluminar a nossa mente.

Gemma foi uma mística toda ardente pelo amor de Jesus. Este amor a permitiu de viver uma autentica paixão. Das suas “cartas” se entende todo o seu imenso amor por Cristo, amor que raramente se pode encontrar na mesma intensidade em outros Santos. «Quem te matou, Jesus» pergunta Gemma. E responde Jesus «O amor» (II 82).

O amor a que se refere Gemma não é somente uma emoção, mas um Amor doado por Cristo através da Sua palavra, e ela se deixa tanto levar como discípula de colocar-se e sentir-se como ele. «Diversas vezes perguntei a Jesus que me ensine o verdadeiro modo de amá-lo, e então Jesus parece que me faça ver as suas Santíssimas chagas abertas» (I,15).

No participar à paixão ela deseja ajudar Jesus nas suas dores. Se cria assim um pacto de amor em modo tal que Jesus a possa oferecer ao Pai como vítima de amor por todos os pecadores.
Esta é a sua missão, salvar os pecadores, não com a palavra ou com o ensinamento, mas com a vida, com a participação à Paixão de Jesus.
Através dessa graça mariana, descobre o significado místico da virgem aos pés da Cruz e doa a Maria a sua própria alma. Da sua parte, Maria prepara a Santa à graça da estigmatização.

Gemma com a oferta da sua vida concluiu a missão que Deus lhe havia confiado, amando-o com todo o seu ser.
Porém, apesar de tudo, Gemma não pode revestir o hábito de consagrada a Deus e isto representou, sem dúvida, a maior delusão da sua vida, mas consumiu a sua união de amor com Jesus Crucifixo no mundo, na normalidade da vida laical. Um sinal evidente que esta estrada pode ser percorrida por todos nós.

Em Gemma se verificaram dois fenômenos cardiopáticos místicos: o alçamento das costelas, quando a Santa teve que dizer a Jesus «És muito grande, o Jesus: o meu coração é pequeno, tu não podes estar dentro dele, que se dilate este coração!»; o segundo fenômeno foi aquele da queimadura do peito, quando ela exclamou «Mas serão estas chamas efeito do teu amor, o Senhor?»

A sua personalidade era de asceta: Caminhava descalça e sem meias, inclusive de inverno. Usava o cilício até quando não lhes foram proibidos. Nela existem todos os ingredientes de uma Santa Estigmatização como Padre Pio, cheia de amor como Santa Teresa de Lisieux. A seguir se pode encontrar tudo aquilo que se pode fazer arder o coração.

Atrás de uma aparência normal se esconde uma Santa extraordinária. Uma mística em contínuo e afetuoso dialogo com Jesus. Uma contemplativa que reza com a simplicidade de uma moça e a profundidade de um teólogo. Supera as mais terríveis dificuldades deixando-se guiar pelo seu Anjo da Guarda. Desde moça mantém a alma cândida com a firme intenção de uma vida imaculada.

Gemma nasce em Borgonuovo de Casigliano (Lucca) no dia 12 de Março de 1878. Enquanto recebe a crésima na Igreja de S. Miguel em Foro, Jesus lhe pede o sacrifício da mãe. Aos 18 anos se opera ao pé sem anestesia e no dia de Natal do mesmo ano, faz o voto de castidade. Gemma fica orfã cedo,quase abandonada na maior miséria.

Já com 20 anos, Gemma não aceita uma proposta de casamento, por ser «toda de Jesus». Durante este ano fica curada milagrosamente de problemas na espinha e iniciam as experiências místicas. A chamam, na cidade, «a mocinha da graça».

Fala com o seu Anjo da Guarda e lhe da também encargos delicados, como aquele de entregar em Roma a correspondência ao seu diretor espiritual. «A carta, apenas terminada, a dou ao Anjo, ela escreve. Está aqui perto de mim que espera». E as cartas, misteriosamente, chegavam a destinação sem passar através do Correio do Reino.

Em junho de 1899, Cristo lhe dá o dom das estigmas. No mesmo ano, durante a missão em S. Martino, Gemma conhece os padres Passionistas que a introduzem na casa Giannini. Acolhida como uma filha nesta casa devota e rica, conduz uma vida retirada entre casa e Igreja. Mas as manifestações da sua santidade superam os muros da casa patrícia. Faz conversões, prediz acontecimentos futuros, cai em êxtase. Na oração, sua sangue; no seu corpo, além dos sinais dos pregos, aparecem as chagas da flagelação. Aqui conhece Padre Germano que que se torna seu diretor espiritual.

Logo se vem a saber que as suas luvas pretas e a sua veste escura e estreita escondem os sigilos da Paixão. Estas estigmas se abrem, dolorosas e sanguinantes, toda semana, na véspera das sextas-feira.

Diante dela os cientistas não conseguem esconder o embaraço. Até alguns diretores espirituais não sabem como justificar a extraordinária moça: suspeitam de mistificação, falam de histerismo ou de sugestão, pedem provas, exigem obediência.

Somente ela, Gemma Galgani, no meio das dores físicas e às provas morais, não diz nada, ou melhor, diz sempre sim. Não pede nada, ou melhor, pede a Jesus para si, mais dores e para os outros pede a conversão e a salvação.

No ano 1901, com 23 anos, Gemma escreve por ordem de Padre Germano, a Autobiografia, “O quaderno dos meus pecados”. No ano seguinte se oferece vítima ao Senhor para a salvação dos pecadores. Jesus a pede de fundar um mosteiro de clausura Passionista em Lucca. Gemma responde com entusiasmo. No mes de setembro do mesmo ano se adoece gravemente. A sua vida é marcada profundamente da dor.

Começa o período mais escuro da sua vida. As consequências do pecado caem pesantemente sobre o seu corpo e sua alma. No ano 1903, era um Sábado Santo, Gemma Galgani morre aos 25 anos, devorada do mal, mas pedindo até o último momento ainda mais dor.

O Somo Pontífice Pio X assina no ano 1903, o Decreto de fundação do Mosteiro Passionista em Lucca.

Em 1905 as irmãs de clausura Passionistas iniciam a sua presença em Luca, realizando o antigo desejo que Jesus tinha feito a Gemma.

Padre Germano, diretor espiritual de Gemma, escreve em 1907 a primeira biografia. Iniciam os processo canônicos para o reconhecimento da sua santidade.

No ano 1933 Pio XI inclui Gemma Galgani entre os Beatos da Igreja.

Será Pio XII, no ano 1940 a elevar Gemma Galgani à gloria dos Santos e indicá-la modelo da Igreja universal pelas das virtudes cristãs.

 

Giuliane Matos

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