Origem da Devoção de Nossa Senhora das Lágrimas
A Irmã Amália de Jesus Flagelado e as origens da Coroa de Nossa Senhora das Lágrimas
Na Congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado (que foi fundada, no Brasil, por Monsenhor Dom Francisco de Campos Barreto, Bispo de Campinas, e Madre Maria Villac) viveu uma piedosa religiosa de nome Irmã Amália de Jesus Flagelado (no batismo, Amalia Aguirre). Tal como outras almas privilegiadas – São Francisco de Assis, Padre Pio de Pietrelcina e Teresa Neumann –, ela recebeu em seu corpo os sagrados Estigmas de Jesus.
Quanto aos estigmas, primeiro estes, foram internos e duraram muitos anos, mas em 1928, na Semana Santa, Dom Barreto presidia a adoração à Santa Cruz e Irmã Amália sente as pontadas da coroação de espinhos e sua começa a sangrar, diante de todos que estavam na Igreja, as gotas de sangue que caíram de sua cabeça sobre o peito de Jesus que estava sendo adorado, formaram o mapa do do Brasil. Em 1930 o Brasil passava por uma grave realidade, uma revolução sangrenta…
Amália Aguirre nasceu em Riós, na Galiza, junto à fronteira de Espanha-Portugal, a 22 de julho de 1901. Pertenceu a uma família antiga, de longa tradição cristã, e seus pais eram admirados pela santidade de costumes, pela fervorosa piedade e sua inesgotável caridade para com o próximo. As circunstâncias econômicas e os planos de Deus obrigaram seus pais a deixar a Espanha e a emigrar para o Brasil, cuja língua – o português – lhes era bem conhecida e também permitia comunicar e trabalhar sem dificuldades. Primeiramente estiveram no Estado da Bahia, mas depois se mudaram para o Estado de São Paulo, para a cidade de Campinas.
Inicialmente a jovem Amália não foi com seus pais para o Brasil e ficou a cuidar de sua avó, já muito idosa e doente, que precisava de companhia. Somente após a morte de sua avó é que atravessou o oceano Atlântico, tendo chegado a Campinas-SP no dia 16 de junho de 1919.
Em sua viagem para o Brasil, enfrentou a gripe espanhola, que matou dezenas de milhares de pessoas nos anos de 1918 e 1919. Foi a maior pandemia mundial conhecida até hoje causando mais mortes que a Peste Negra ao longo de vários séculos, ela cuidou de muitos enfermos e Deus a preservou milagrosamente de não se contaminar.
Em sua pátria natal, já tinha recebido algumas manifestações prodigiosas de Jesus e da Virgem Maria, mas Amália guardava tudo em segredo no seu coração.
(Ela vê Nosso Senhor pela primeira vez no dia de sua primeira Eucaristia quando Ele lhe pergunta se quer ser sua para sempre e ela lhe diz que sim, fato que se repetirá muitos anos depois quando lhe aparece um pretendente de casamento.)
Seu coração foi transverberado por Deus, as marcas dos estigmas desapareciam, quando foi sepultada, não havia marca alguma em seu corpo.
A Irmã Amália de Jesus Flagelado pertenceu ao primeiro grupo de jovens freiras, co-fundadoras da Congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, que, no dia 8 de dezembro de 1927, receberam o hábito religioso e que fizeram seus votos perpétuos a 8 de dezembro de 1931.
Nosso Senhor havia lhe alertado que a congregação religiosa na qual Ele a queria não havia sido ainda fundada, mas que o sinal dele seria que a cor do hábito das irmãs teria as cores da roupa de sua Mãe, azul e branco.
No outono de 1929, um parente de Irmã Amália apareceu no convento. Ele estava em grande angústia: sua esposa estava gravemente doente e vários médicos lhe declararam que já não havia nenhum remédio que pudesse salvá-la. Ele não sabia mais o que fazer, nem sabia o que Deus esperava dele. Por esse motivo, a Irmã Amália era sua última esperança. Desesperadamente, com uma dor profunda e rompendo em lágrimas, o pobre homem interrogou: “O que vai ser então dos meus filhos?”.
O coração de Irmã Amália sofreu com a aflição desse seu parente e suas inclinações inatas levaram-na imediatamente a querer ajudá-lo de todas as formas possíveis. Assim, enquanto seu parente lhe contava sua triste história, a Irmã Amália rezava interiormente ao nosso Divino Redentor, em profunda reflexão, enquanto pensava com uma mesma intensidade sobre o que poderia oferecer ou fazer.
Enquanto escutava seu parente e sua própria alma, a Irmã Amália sentiu um impulso interior que parecia chamá-la a ir ter com Jesus presente no Sacrário. Quando terminou o encontro com seu parente, ela respondeu fiel e rapidamente a essa voz que soava em seu coração. A Irmã Amália foi para a capela do convento onde se pôs de joelhos diante do altar e, de braços abertos, disse a Jesus Sacramentado:
“Se já não há salvação para a mulher de T., eu mesma estou disposta a oferecer a minha vida pela mãe desta família. Que quereis que eu faça?”.
Nesse momento, Jesus se manifestou e respondeu:
“Se deseja obter essa graça, peça-a a Mim pelos merecimentos das Lágrimas de Minha Mãe.”
Perguntou a Irmã Amália: “Como devo eu rezar?”
Foi então que Jesus ensinou as seguintes invocações:
“Meu Jesus, ouvi os nossos rogos, pelas Lágrimas de Vossa Mãe Santíssima.”
“Vêde, ó Jesus, que são as lágrimas d’Aquela que mais Vos amou na Terra, e que mais Vos ama no Céu.”
No final, Nosso Senhor acrescentou uma grande e prodigiosa promessa:
“Minha filha: o que os homens Me pedem pelas lágrimas de Minha Mãe, Eu amorosamente concedo. Mais tarde, Minha Mãe entregará este tesouro para o nosso querido Instituto, como um sinal de Sua Misericórdia.”
Isto aconteceu no dia 8 de novembro de 1929.
A aparição de Nossa Senhora das Lágrimas e a Sua entrega da Coroa (ou Rosário) das Lágrimas
No dia 8 de março de 1930, a Irmã Amália de Jesus Flagelado estava a rezar na capela do convento, de joelhos, nos degraus do altar, quando, inesperadamente, se sentiu como que elevada para o Alto. Em seguida lhe apareceu Nossa Senhora, que se apresentou com uma túnica violeta, um manto azul e um véu branco que cobria Seu peito e ombros. Com um sorriso se aproximou de Irmã Amália, segurando em Suas mãos um rosário a que Ela mesma chamou de «Coroa». As suas contas brilhavam como o Sol e eram brancas como a neve.
Entregando-lhe esse rosário, a Santíssima Virgem Maria disse:
“Este é o rosário de Minhas lágrimas que foi prometido pelo Meu Filho ao nosso querido Instituto como uma parte de seu legado. Ele também já lhe deu as orações. Meu Filho quer Me honrar especialmente com essas invocações e, além disso, Ele concederá todos os favores que forem pedidos pelos merecimentos de Minhas lágrimas. Este rosário alcançará a conversão de muitos pecadores, especialmente dos possuídos pelo demônio. Uma especial graça está reservada para o Instituto de Jesus Crucificado, principalmente a conversão de vários membros de uma parte dissidente da Igreja. Por meio deste rosário o demônio será derrotado e o poder do inferno destruído. Arme-se para a grande batalha.”.
Dito isto, a Senhora desapareceu.
A revelação da prodigiosa medalha de Nossa Senhora das Lágrimas e de Jesus Manietado
Na aparição do dia 8 de abril de 1930, a Santíssima Virgem pediu à Irmã Amália que mandasse cunhar uma medalha de Nossa Senhora das Lágrimas e de Jesus Manietado, e disse que essa mesma medalha devia ser muito divulgada para que o poder de Satanás no Mundo fosse vencido. Nossa Senhora ainda acrescentou que todos os fiéis que a trouxessem com amor e devoção obteriam inúmeras graças.
Por ordem da Santíssima Mãe de Deus, essa medalha traz cunhada na frente a imagem de Nossa Senhora das Lágrimas em atitude de entrega da Coroa das Lágrimas (exatamente como aconteceu na anterior aparição de 8 de março de 1930 à Irmã Amália) e rodeada pelas palavras: “Ó Virgem Dolorosíssima, as Vossas Lágrimas derrubaram o império infernal!”. No verso, traz cunhada a imagem de Jesus Manietado – ou seja, amarrado durante a Sua Dolorosa Paixão – e rodeada pelas palavras: “Por Vossa Mansidão
Divina, ó Jesus Manietado, salvai o Mundo do erro que o ameaça!”.
Palavras de Jesus Manietado transmitidas à Irmã Amália para todos os missionários das Lágrimas de Maria:
“Minha filha: Hoje vou falar-te das Lágrimas de Minha Mãe.
Durante vinte séculos elas ficaram guardadas no Meu Divino Coração para agora as entregar. Com esta entrega, Eu te constituo apóstola de Nossa Senhora das Lágrimas e sei que estás pronta a dar a vida pela difusão de tão santa devoção.
Ser missionário(a) das Lágrimas de Minha Mãe é dar-Me imensas consolações! Dei valor infinito a essas Lágrimas e, com elas, os que se propuserem a propagá-las terão a felicidade de roubar pecadores ao maligno, cujo ódio há-de colocar-lhes muitos obstáculos para que elas não sejam conhecidas.”
“O Mundo tem necessidade de Misericórdia e, para recebê-la, não há dádiva mais preciosa do que as Lágrimas de Minha Mãe! Se as lágrimas de uma mãe comovem o coração de um filho rebelde, então como não se há-de comover o Meu Coração que tanto ama esta Mãe? Este tesouro magnífico, guardado vinte séculos, está agora nas mãos de todos para com ele se salvarem muitas almas das garras infernais!… Quando as almas generosas dizem: “Meu Jesus, pelas Lágrimas de Vossa Mãe Santíssima”, o Meu Coração abre-se e faz jorrar sobre aquelas almas as torrentes da Minha Misericórdia!”
Promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo aos Missionários e Missionárias de Nossa Senhora das Lágrimas:
“Todos os que se propuserem propagar as Lágrimas de Minha Mãe, no Céu receberão uma alegria toda especial e louvarão todas as horas que passaram a divulgá-las.
Todos os sacerdotes que difundirem o poder das Lágrimas de Maria terão seus trabalhos a produzir frutos de vida eterna e grandes coisas farão por amor a Mim.
A difusão desta riqueza das Lágrimas de Minha Mãe é de muita importância para o Meu Coração porque Me vai dar milhões e milhões de almas!
Teu Jesus Crucificado que em tuas as mãos depositou tão sagrado e poderoso tesouro, do qual deves ser apóstolo(a) incansável e ser capaz de dar a vida por ele.
– Felizes os que difundirem as Lágrimas de Maria!”
* * * * * * * * * * * *
“As Lágrimas de Maria representam uma grande oportunidade para a Humanidade, uma riqueza que só poderá se expandir, se for conhecida e amada. Elas são as luzes que iluminarão o caminho obscuro da conquista das almas e constituem o prenúncio do Meu Reino.
Àqueles que se constituírem apóstolos destas Lágrimas, Eu lhes desvendarei caminhos ocultos. Transformarei essas Lágrimas em luzes que lhes mostrarão as riquezas do Meu Coração, dando-lhes ainda o dom de persuadir os corações!
[…] ‘Salvar Almas’, eis o fim pelo qual desci à terra; eis porque ofereço à humanidade tantos favores, usando para isso de todos os meios. As Lágrimas de Maria são os meios que dou às almas missionárias para que, com elas, possam fazer prodígios.”
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“Desejo exaltar as Lágrimas de Minha Mãe! Já exaltei as outras prerrogativas: sua Imaculada Conceição, suas Dores, seus Triunfos; porém, ainda não o tinha feito com as suas Lágrimas. Chegou a hora propicia: então, enviei Minha Mãe com este tesouro, enriquecido pelo Meu poder infinito.
As Lágrimas de Minha Mãe são, portanto, os raios de luz que iluminarão os caminhos desta geração e de todas as almas que a elas se quiserem associar.
O apóstolo das Lágrimas de Maria, e quem delas falar, será incluído no número dos mansos. Felizes aqueles que fazem parte desta geração mansa, pois brilharão como o sol diante de Mim!
[…] Todo o apóstolo de Nossa Senhora das Lágrimas mergulhará nestas revelações e conquistará a Humanidade, uma vez que seu coração, absorvendo estas palavras, fica apto para fazer prodígios!
– Todas estas mensagens brilharão e farão milhares e milhares de apóstolos!”
COROA / ROSÁRIO DE NOSSA SENHORA DAS LÁGRIMAS
– DEVOÇÃO APROVADA PELA IGREJA CATÓLICA *
A Coroa (ou Rosário) que a Mãe de Deus entregou à Irmã Amália tinha 49 contas brancas, divididas em grupos de 7, por sete contas igualmente brancas. É, portanto, semelhante à Coroa das Dores de Maria, embora de cor diferente. Tinha ainda mais três contas finais e uma medalha com a imagem de Nossa Senhora das Lágrimas – de um lado – e a imagem de Jesus Manietado – de outro lado. A medalha é uma parte essencial desta Coroa, devendo ser exatamente como aquela que a Mãe de Deus mostrou à Irmã Amália, em Campinas, a 8 de abril de 1930.
“Minha filha: o que os homens Me pedem
pelas lágrimas de Minha Mãe,
Eu amorosamente concedo.”
Jesus Manietado (Campinas, 08-11-1929)
“Esta é a Coroa de Minhas Lágrimas […].
Por meio desta Coroa o demônio será derrotado
e o poder do inferno destruído.”
Nossa Senhora das Lágrimas (Campinas, 08-03-1930)
Oração inicial:
Eis-nos aqui aos Vossos pés, ó dulcíssimo Jesus Crucificado, para Vos oferecermos as lágrimas d’Aquela que, com tanto amor, Vos acompanhou no caminho doloroso do Calvário. Fazei, ó bom Mestre, que nós saibamos aproveitar da lição que elas nos dão, para que, na Terra, realizando a Vossa Santíssima Vontade, possamos um dia, no Céu, Vos louvar por toda a eternidade.
Nas contas brancas (que separam os grupos de 7):
Vêde, ó Jesus, que são as lágrimas d’Aquela que mais Vos amou na Terra, e que mais Vos ama no Céu.
Nas contas brancas (grupos de 7):
Meu Jesus, ouvi os nossos rogos, pelas Lágrimas de Vossa Mãe Santíssima.
No fim, repete-se três vezes, nas três contas brancas finais:
Vêde, ó Jesus, que são as lágrimas d’Aquela que mais Vos amou na Terra, e que mais Vos ama no Céu.
Oração final:
Virgem Santíssima e Mãe das Dores, nós Vos pedimos que junteis os Vossos rogos aos nossos, a fim de que Jesus, Vosso Divino Filho, a quem nos dirigimos em nome das Vossas lágrimas de Mãe, ouça as nossas preces e nos conceda, com as graças que desejamos, a coroa da vida eterna. Ámen.
Jaculatórias finais (para rezar contemplando e beijando a medalha):
– Por Vossa mansidão divina, ó Jesus Manietado, salvai o mundo do erro que o ameaça!
– Ó Virgem Dolorosíssima, as Vossas Lágrimas derrubaram o império infernal!
(*) Aprovações eclesiásticas:
• Imprimatur: † Bispo Francisco de Campos Barreto, Diocese de Campinas, SP (Brasil), 8 de março de 1931
•Imprimatur: † Bispo Michael James Gallagher, Diocese de Detroit, MI (Estados Unidos), 22 de março de 1935
•Imprimatur: † Arcebispo John Robert Roach, D.D., Arquidiocese de Saint Paul e Minneapolis, MN (Estados Unidos)
•Nihil obstat N.º 924/1935: Ansgarus Borsiczky, Censor Diocesano em Sopron (Hungria), 25 de maio de 1935
•Imprimatur: † Bispo Stephanus Breyer, Diocese de Győr (Hungria), 13 de julho de 1935
•Imprimatur: † Vigário Geral Ferdinand Buchwieser, Arquidiocese de Munique e Frisinga (Alemanha), 22 de março de 1935
Fontes bibliográficas consultadas:
www.nossasenhoradaslagrimas.com
• Renato Carrasquinho; Nossa Senhora das Lágrimas: Aparições, Mensagens e Devoção. Edição do Apostolado Internacional de Nossa Senhora das Lágrimas (2017).
• Renato Carrasquinho; Devocionário a Nossa Senhora das Lágrimas. Edição especial do Apostolado Internacional de Nossa Senhora das Lágrimas (2017).
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