Ele nasceu no dia 21 de agosto de 1567, no castelo de Sales, próximo ao castelo de Thorens, no Ducado da Saboia. Na época do seu nascimento, o Ducado compreendia uma parte que atualmente está na França e outra que está na Itália, tendo como capital a cidade de Turim. Por volta de 1700, o Ducado passou a ser um Reino. Em 1860, com o Tratado de Turim, uma parte do Reino da Saboia passou para a França, justamente o lugar onde ele nasceu. É interessante notar que Dom Bosco também nasceu no mesmo país (Saboia) de São Francisco de Sales.
Historicamente, a família dos Sales foi sendo formada desde 1365, quando nasceu o trisavô de Francisco, Jordão de Sales, vassalo do senhor feudal João de Compey, barão de Thorens. Seu suserano, endividado por guerras e jogos, o tornou Vice Senhor de Thorens. O bisavô de Francisco, Cristóvão, recebeu o título de “Senhor de Sales” em 1538 e o avô, João, continuou com o título. Ele teve dois filhos: Luís e Francisco, o pai de São Francisco de Sales.
Vocação
Francisco foi o primogênito de 12 irmãos. Nasceu prematuro, e por isso, mas tarde, dirá que nasceu “antes do tempo, porque tinha muita pressa para começar a amar e a louvar a Deus”. Aos seis anos foi encaminhado para os estudos, pois seu pai tinha planos de torná-lo um grande senhor, nos moldes de então, para enriquecer a família. Feitos os estudos elementares na sua terra, foi para Paris, em 1578, onde estudou no Colégio Clermont, dos Jesuítas, até 1588. Foram dez anos de uma sólida formação cristã e humana, pois o colégio transmitia os valores do Renascimento e do humanismo. Aos 18 anos, teve uma crise espiritual, a famosa crise da predestinação. Achava-se condenado ao fogo do inferno. Lutou muito, por várias semanas, até que, diante de uma imagem de Nossa Senhora, rezando a oração de São Bernardo, sentiu-se curado.
Como Paris tornou-se um lugar perigoso, por causa das guerras religiosas da época, seu pai o transferiu para Pádua, onde se formou em Direito Civil e Eclesiástico em 1591. Retornou para sua terra, recebendo o título de Senador e de Advogado do Parlamento de Saboia, que estava em Chambéry. Mas seu desejo era tornar-se padre, servir a Igreja. Sofreu muito porque não queria contrariar seu pai, que lhe tinha proporcionado tantos estudos. Diz um escritor, Papasogli, que “na história, foi uma das vocações em que houve um combate muito grande, não só externamente, mas, sobretudo, no segredo da sua pessoa”.
Na sua época, depois do bispo, numa diocese, a autoridade mais elevada era a do Chefe dos Cônegos da Catedral. Com a morte deste, Francisco foi indicado para ocupar o cargo. Seria mais fácil seu pai aceitar, pois, se não pudesse ocupar um alto cargo no mundo, ocuparia um na Igreja, dignificando a família. Assim, Francisco se tornou Chefe dos Cônegos da Diocese de Genebra, em 1593.
Em 1877, foi proclamado Doutor da Igreja e, mais tarde, o Papa Pio XI o proclamou, em 25 de janeiro de 1933, “celeste patrono de todos os escritores católicos”.
Missionário
O Duque da Saboia pediu ao bispo de Genebra que enviasse missionários para uma região do seu ducado, o Chablais, próximo ao lago de Genebra, que tinha se tornado calvinista. Como essa missão era muito difícil, pois corria-se perigo de vida, ninguém aceitou. O bispo recorreu a Francisco, que, com o seu primo, Cônego Luís de Sales, foi para o Chablais. Durante quase três anos heroicos, Francisco conseguiu evangelizar todo o território, convertendo aproximadamente 25 mil pessoas. No final dessa missão, foi indicado para ser o sucessor do bispo de Genebra. Relutou em aceitar. Em setembro de 1597, recebeu os documentos do Vaticano que o constituíam bispo-coadjutor, com direito de sucessão para o bispado de Genebra.
É preciso ressaltar que os bispos de Genebra residiam em Annecy, cidade próxima a Genebra, que desde 1539 tinha passado a ser uma cidade da reforma, chamada na época de “Roma Protestante”. O bispo e seu clero foram expulsos, e João Calvino fundou, em 1541, o “calvinismo”. A diocese de Genebra era muito grande e compreendia territórios no ducado da Saboia e no reino da França. Essa era uma situação muito complicada para o bispo.
Catequista, escritor e diretor espiritual
Francisco assumiu o bispado em 1602. Desde o início, preocupou-se com a reforma do clero da sua diocese e com a reforma dos religiosos. Aplicou na diocese as reformas do Concílio de Trento. Foi um exímio catequista, fez as visitas pastorais na diocese (cerca de 400 paróquias). Fundou, em 1610, com a baronesa Santa Joana Francisca de Chantal, uma nova forma de vida religiosa, que, em 1618, passaria a ser uma Ordem Religiosa formal, pois a ideia desse novo tipo de vida religiosa, que misturava oração com ação, não foi aceita na época.
Francisco foi também um grande escritor e diretor espiritual. Destacamos entre as suas obras a Introdução à Vida Devota (Filoteia) e o Tratado do Amor de Deus (Teótimo). Além disso, 2.100 de suas cartas chegaram até nós.
Francisco morreu em Lyon, em 28 de dezembro de 1622, e foi enterrado em Annecy, em 24 de janeiro de 1623. Foi proclamado Bem-aventurado em 28 de dezembro de 1661 pelo Papa Alexandre VII, que o declarou santo em 19 de abril de 1665. Em 1877, foi proclamado Doutor da Igreja e, mais tarde, o Papa Pio XI o proclamou, em 25 de janeiro de 1933, “celeste patrono de todos os escritores católicos”.
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