Um Dia em que Vimos a Beleza de Ser Católico

Um Dia em que Vimos a Beleza de Ser Católico

Hoje, 7 de maio, marcou o início de um novo Conclave. Um Conclave que, graças à cobertura dos meios de comunicação, pudemos acompanhar com rara proximidade — exceto, é claro, pela parte mais sagrada e oculta: o momento da eleição propriamente dita. No entanto, os ritos que precedem esse momento solene — e que tantas vezes passam despercebidos aos olhos distraídos — revelaram hoje, mais uma vez, a beleza silenciosa e majestosa de ser católico.

Tudo começa, como deve começar toda realidade verdadeiramente católica: com a Santa Missa. E não em qualquer lugar, mas na Basílica de São Pedro, sobre o túmulo do próprio Apóstolo, onde foi celebrado o Santo Sacrifício. Todos os cardeais votantes, antes de qualquer decisão humana, se aproximaram daquilo que é divino: o Corpo e o Sangue de Cristo. Nada mais justo: a Igreja é d’Ele; e tudo, na Igreja, deve iniciar ao Seu redor.

Chama atenção o que é, para muitos, apenas o ordinário: a Missa. Mas ali, diante do mundo, ela se mostrou em sua glória discreta. O que aconteceu na Missa? O que acontece em toda Missa: o Sacrifício de Cristo se tornou presente, unindo a Igreja peregrina à Igreja triunfante. E, ainda assim, foi a mesma Missa que celebramos em nossas paróquias — com as mesmas palavras, os mesmos gestos, a mesma ordem. A Igreja, no momento mais decisivo de sua história recente, não improvisa, não inova, não se reinventa. Ela faz o que sempre fez: celebra o Mistério Eterno. E o faz com a dignidade que brota de séculos de fidelidade.

Em seguida, os cardeais votantes dirigiram-se em procissão à Capela Sistina. Durante o caminho, entoou-se a Ladainha de Todos os Santos. Não era um simples canto cerimonial: era uma invocação viva, uma súplica ardente. E junto com os cardeais, caminharam também os santos de dois mil anos de história, convocados como família para participar do discernimento. A comunhão dos santos — que professamos em cada Credo — se tornou visível. Estes nossos irmãos glorificados, agora junto de Deus, intercedem por nós. E hoje, especialmente, pela Igreja que pede ao Céu luz para escolher seu novo pastor. Eis a beleza da Igreja: cardeais caminhando sob o olhar do mundo, mas sob a proteção invisível do Céu. Isso é católico. Isso é família.

Dentro da Capela Sistina, entoou-se então o “Veni Creator Spiritus” — um hino composto no século IX, verdadeiro eco de Pentecostes. Como outrora os Apóstolos e a Virgem Maria esperaram o Espírito Santo, agora os sucessores dos Apóstolos, com certeza junto à Mãe da Igreja, clamaram: “Vinde, Espírito Santo”.

Após isso, seguiu-se o solene juramento: cada cardeal, diante dos Evangelhos e sob o olhar de Deus, assumiu o compromisso de guardar o sigilo, agir com retidão e fidelidade, e acolher com lealdade aquele que for eleito. Este momento ocorre sob o afresco do Juízo Final, pintado por Michelangelo, como que a lembrar cada um de que será julgado não apenas pelos homens, mas por Cristo, o Justo Juiz. Não há política ali, nem ambição legítima: há um chamado à eternidade.

O último momento visível é o célebre extra omnes — o “fora, todos”. As portas se fecham. Não é o fechamento de uma Igreja elitista, mas o recolhimento de uma Igreja que busca, no silêncio, ouvir a voz de Deus. O ruído do mundo é excluído para que ressoe a brisa suave do Espírito. Ali dentro, poucos homens, mas sob o peso de uma missão imensa: eleger o novo sucessor de Pedro.

A Capela Sistina, com sua arte sublime, envolve todo esse rito. O teto narra a Criação; as paredes, a História da Salvação; o fundo, o Juízo Final. No centro disso tudo, os cardeais — homens frágeis, mas investidos de uma autoridade sagrada — devem discernir o 267º Papa, aquele que caminhará com a Igreja até o fim dos tempos. E é nesse contexto que ecoa, firme e eterna, a promessa de Cristo: “As portas do inferno não prevalecerão contra a minha Igreja”.

Rezemos, irmãos, pela Santa Igreja Católica e Apostólica.

 

Por Diego E. Silva – amigocatolico.com

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