Como ser Católico diante dos “erros da igreja”

Como ser Católico diante dos “erros da igreja”

Como ser católico diante dos erros da Igreja?

Para podermos responder a esta pergunta, precisamos, antes de tudo, conhecer o que de fato é a Igreja e por que nós precisamos dela.

A primeira coisa que precisamos entender é que Jesus quis ter uma Igreja e, diferente do que muitos dizem hoje, a Igreja não é algo dispensável, nem o importante é apenas crer em Jesus. Isso não se sustenta, porque Jesus, de fato, quis ter uma Igreja.

Podemos ver isso claramente nas Sagradas Escrituras, onde Jesus escolheu 12 Apóstolos, número altamente simbólico que remete às 12 tribos de Israel, o “meio” que Deus escolheu para edificar a Aliança com seu povo e preparar a vinda do Messias. Agora, Jesus, o Messias, escolhe 12 Apóstolos como meio pelo qual Ele edifica a nova e eterna Aliança.

Outro sinal claro de que Jesus quis ter uma Igreja é que, dentre esses 12 Apóstolos, Ele escolheu Pedro para ser o chefe de sua Igreja: “Jesus, então, lhe disse: ‘Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelaram isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.’” (Mateus 16, 17-19)

Após ressuscitar, Jesus confirmou a missão de Pedro, dizendo-lhe: “Perguntou-lhe pela terceira vez: ‘Simão, filho de João, amas-me?’ Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: ‘Amas-me?’, e respondeu-lhe: ‘Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo’. Disse-lhe Jesus: ‘Apascenta as minhas ovelhas’” (João 21, 17).

Além disso, Jesus prometeu que enviaria o Espírito Santo, que conduziria os Apóstolos no caminho da verdade (João 15, 26-27). Prometeu a Pedro e aos Apóstolos a infalibilidade ao dizer: “Tudo o que ligares na terra, eu ligo no céu…” (Mateus 18, 18). Jesus, ainda na Última Ceia, ordenou aos Apóstolos: “Fazei isto em memória de mim” (1 Cor 11, 23-26). E, antes de voltar ao Pai, enviou os 12 Apóstolos, ordenando-os a pregar e batizar todas as criaturas, dando-lhes autoridade para perdoar os pecados.

Portanto, podemos ver claramente que Jesus quis ter uma Igreja, formou e enviou os Apóstolos para anunciar a boa nova e “apascentar suas ovelhas”.

Para entendermos, porém, o que é a Igreja, precisamos olhar para outras passagens onde Jesus se identifica com a Igreja: “E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o constituiu chefe supremo da Igreja, que é o seu corpo, o receptáculo daquele que enche todas as coisas sob todos os aspectos” (Efésios 1, 21-22).

Assim, podemos ver claramente que Jesus quis ter uma Igreja e continua vivo nela, sendo sua cabeça. Os membros são todos os que foram batizados, sendo então enxertados pelo Espírito Santo neste corpo místico que é a Igreja.

Hoje, muitos confundem a Igreja com uma simples agremiação humana, como se fosse um clube. Contudo, para conhecer verdadeiramente a Igreja é preciso ter fé, pois ela é muito mais que uma mera reunião de pessoas; é o Corpo Místico de Nosso Senhor. Cristo vive pela Igreja, e essa união concede-lhe o título de Santa: a Igreja é santa porque tem Cristo como cabeça e o Espírito Santo como alma.

Mas como entender que a Igreja é santa, mesmo quando seus membros nem sempre manifestam essa santidade? Como ver os erros na Igreja e não perder a fé?

A Igreja, em sua essência, é santa, pois Cristo é sua cabeça. Contudo, ela também tem outra face, que são seus membros, muitos deles pecadores. Porém, os pecados dos filhos da Igreja não mancham a sua santidade, pois são pecados pessoais dos membros, que não maculam a santidade da Mãe.

Ao longo da história, muitos erros foram cometidos por membros da Igreja, mas é necessário fazer algumas observações. Primeiro, especialmente desde a Revolução Francesa, houve uma mania de perseguir e denegrir a história da Igreja, de modo que muitos erros atribuídos a ela são exagerados ou mesmo deturpados. Segundo, para julgar as ações da Igreja, é preciso entender o contexto histórico e cultural da época e levar a sério os métodos corretos de estudo da história. Por fim, há uma tendência a falar apenas dos erros e esquecer as enormes contribuições da Igreja, como na construção da civilização europeia, na fundação de hospitais, orfanatos e outras instituições.

Diante dos erros da Igreja, como a venda de cargos eclesiásticos na Idade Média ou os pecados de Alexandre VI, como manter a fé católica em meio a tudo isso?

É simples: Jesus não condicionou a autoridade que deu ao Papa e aos Apóstolos à sua santidade pessoal. O dom oferecido é maior que seus pecados. Jesus chamou homens imperfeitos, dando-lhes a graça de serem sacerdotes, bispos ou papas, e a autoridade que receberam não depende de sua virtude pessoal, mas é transmitida pela Sagrada Tradição

.Quando um padre, bispo ou mesmo um papa peca, não perdemos a fé. Pelo contrário, nossa fé é fortalecida, pois vemos que a ação do Espírito Santo na Igreja é mais forte, que papas pecadores passaram, mas a Igreja permaneceu.

Ao olhar para a história, vemos grandes crises, muitas provocadas pelo pecado de seus membros, mas a Igreja não sucumbiu. No século IV, por exemplo, durante a heresia ariana, quase todos os bispos aderiram ao arianismo, exceto Santo Atanásio e alguns bispos. No Concílio de Niceia, a fé católica foi mantida e a heresia condenada.

Essas crises e até os pecados dos membros da Igreja nos mostram que, sim, a Igreja é formada por homens pecadores, mas é também Santa, capaz de superar os erros daqueles que traem sua vocação. Isso é possível porque a Igreja é conduzida não apenas por seus membros visíveis, mas por sua cabeça, o próprio Cristo.

Mesmo que alguns membros sejam pecadores, há também um núcleo de santos que sustentam e constroem a verdadeira Igreja de Cristo.

Diante da realidade dos erros e pecados dos membros da Igreja, é essencial reconhecer que esses pecados não removem a santidade essencial da Igreja, que provém de Cristo, sua cabeça, e do Espírito Santo, sua alma. Quando vemos erros históricos ou falhas individuais, devemos entender que a Igreja não é simplesmente uma instituição humana, mas é sustentada por uma promessa divina: “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16,18). Essa promessa não implica que não haverá desafios, escândalos ou crises, mas que, independentemente dos erros, a Igreja continuará sendo o meio pelo qual Deus realiza sua obra no mundo.

Ao nos depararmos com os erros na Igreja, o convite é para que nos aproximemos ainda mais de Cristo, que é a verdadeira fundação da nossa fé. A santidade de Deus e a ação do Espírito Santo permanecem inabaláveis. Assim, ao invés de enfraquecer nossa fé, essas dificuldades podem fortalecer nosso compromisso em sermos membros vivos e santos da Igreja, ajudando a renová-la e edificá-la com amor e fidelidade.

Além disso, podemos nos inspirar nos inúmeros santos que foram fiéis a Deus e à Igreja mesmo em tempos de crise. Esses santos, como São Francisco de Assis e Santa Catarina de Sena, responderam com amor e renovação, lembrando-nos que a verdadeira reforma da Igreja começa com a conversão pessoal e com a busca pela santidade. A fé se fortalece ao compreender que, apesar das falhas humanas, Deus não abandona a sua Igreja.

 

Comentários

Deixe um comentário