Sequencia a Nossa Senhora das Dores
Stabat Mater: A sequência de Nossa Senhora das Dores
Para a memória de Nossa Senhora das Dores, celebrada a 15 de setembro, a Igreja propõe a sequência Stabat Mater dolorosa (Estava a Mãe dolorosa). É uma sequência facultativa (como a de Corpus Christi), que pode ser cantada na íntegra ou em sua forma breve (últimas dez estrofes).
No século XII cresce a devoção à Paixão do Senhor e à participação da Virgem Maria neste mistério sob o título de Nossa Senhora das Dores. Esta devoção foi difundida sobretudo pela Ordem dos Servos da Bem-aventurada Virgem Maria (Servitas) fundada em 1223.
O Stabat Mater foi composto no século XIII, provavelmente pelo franciscano Jacopone de Todi. Na verdade, ele teria composto dois hinos: o Stabat Mater dolorosa, contemplando Maria junto à cruz, e o Stabat Mater speciosa (Estava a Mãe formosa), contemplando Maria junto ao presépio. Este, porém, é menos conhecido.
Inicialmente, o Stabat Mater era utilizado nas celebrações devocionais, sobretudo em procissões em honra de Nossa Senhora das Dores. Seu ritmo fácil tornou-o muito popular. Seu uso litúrgico, porém, só foi aprovado em 1727, quando o Papa Bento XIII aprovou seu uso como sequência da Missa e como hino da Liturgia das Horas, dividido em três partes (Matinas, Laudes e Vésperas).
O Stabat Mater foi também musicado por vários compositores de renome: Vivaldi, Rossini, Haydn, Palestrina, Verdi, entre outros. A versão mais famosa, porém, é a de Giovanni Battista Pergolesi.
Atualmente o Stabat permanece como sequência da Missa e hino da Liturgia das Horas na memória de Nossa Senhora das Dores. Pode também ser usado durante a Quaresma e a Semana Santa nas celebrações devocionais que recordem a Paixão do Senhor. Em alguns lugares, por exemplo, é costume cantar uma estrofe do hino após cada estação da Via Sacra.
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Publicamos a tradução oficial em português, conforme consta no Lecionário III (Santoral), pp. 173-174:
De pé a Mãe dolorosa,
junto da cruz, lacrimosa,
via Jesus que pendia.
No coração transpassado
sentia o gládio enterrado
de uma cruel profecia.
Mãe entre todas bendita,
do Filho único, aflita,
à imensa dor assistia.
E, suspirando, chorava,
e da cruz não se afastava,
ao ver que o Filho morria.
Pobre mãe, tão desolada,
ao vê-la assim transpassada,
quem de dor não choraria?
Quem na terra há que resista,
se a mãe assim se contrista
ante uma tal agonia?
Para salvar sua gente,
eis que seu Filho inocente
suor e sangue vertia.
Na cruz por seu Pai chamando,
vai a cabeça inclinando,
enquanto escurece o dia.
Faze, ó Mãe, fonte de amor,
que eu sinta em mim tua dor,
para contigo chorar.
Faze arder meu coração,
partilhar tua paixão
e teu Jesus consolar.
[Começa aqui a forma breve]
Ó santa Mãe, por favor,
faze que as chagas do amor
em mim se venham gravar.
O que Jesus padeceu
venha a sofrer também eu,
causa de tanto penar.
Ó dá-me, enquanto viver,
com Jesus Cristo sofrer,
contigo sempre chorar!
Quero ficar junto à cruz,
velar contigo a Jesus,
e o teu pranto enxugar.
Virgem Mãe tão santa e pura,
vendo eu a tua amargura,
possa contigo chorar.
Que do Cristo eu traga a morte,
sua paixão me conforte,
sua cruz possa abraçar!
Em sangue as chagas me lavem
e no meu peito se gravem,
para não mais se apagar.
No julgamento consegue
que às chamas não seja entregue
quem soube em ti se abrigar.
Que a santa cruz me proteja,
que eu vença a dura peleja,
possa do mal triunfar!
Vindo, ó Jesus, minha hora,
por essas dores de agora,
no céu mereça um lugar.
Fonte: pilulasliturgicas
Giuliane Matos
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