Você conhece as aparições de Nossa Senhora das Graças em Cimbres, Pernambuco?
Aparições reconhecidas pela Igreja.
De 06/08/1936 a 11/02/1937 aconteceram aparições de Nossa Senhora a duas meninas no interior de Pernambuco. Aqui apresentamos um resumo dos acontecimentos.
I. Primeira aparição
Era 6 de agosto de 1936. Duas meninas foram mandadas ao campo a fim de colher mamona. Uma chama-se Maria da Luz e a outra Maria da Conceição. Esta é de família pobre e conta 16 anos de idade, filha de um empregado do pai de Maria da Luz.
Neste momento, chega o pai, Arthur Teixeira, para almoçar. As meninas sentadas de fronte à casa, falavam sobre aquela senhora com a criança nos braços, a qual lhes acenara. A janela estando aberta, a mãe de Maria da Luz ouviu a conversa e narrou-a ao pai desta.
Perguntaram e a visão respondeu:
Restava-lhe muito a dizer ainda, mas ficou para mais tarde. As notícias corriam de boca em boca e os homens se aglomeravam naquele lugar onde fora vista aquela senhora com a criancinha, esperando ver qualquer coisa, mas nada viam.
II. Primeiras averiguações
Entretanto, o vigário da Paróquia mandou chamar o pai de Maria da Luz, aconselhando-lhe que trouxesse a menina a fim de participar do retiro espiritual das Filhas de Maria, desde o dia 10 a 15 de agosto, preparando-se então para a primeira comunhão. Nesta ocasião o pai poderia estar com o sr. Bispo.
Mas não foi somente esta a singular aparição da Senhora. Na passagem diária das meninas naquele lugar, ela lhes aparecia.
Como dizíamos, atendendo o pedido do vigário, o pai levou a menina para P., apresentando-a ao sr. Bispo, mas este mandou seu secretário ouvi-la, pois estava muito ocupado.
Após a audiência, o padre disse: “Vocês estão enganadas.” Porém Maria da Luz sustentou a palavra.
Terminou-se a conversa entregando o padre umas perguntas, das quais ela devia pedir resposta à Senhora e enviá-las em seguida, na primeira ocasião, por escrito.
A menina enviou a resposta pedida. Apesar de ela ser um tanto atrasada, não houve a menor inexatidão. Foram as seguintes as perguntas formuladas:
Após dois dias, o padre recebeu da menina as seguintes respostas:
- Ninguém.
- Três.
- Pai, Filho e Espírito Santo.
- Sou a Mãe da graça e venho avisar ao povo que se aproximam três grandes castigos.
- Sim.
- Representa o sangue que será derramado no Brasil.
Então a menina perguntou com qual padre Ela queria falar, enumerando diversos. A aparição respondeu:
III. Aparição de Jesus e Maria
O lugar das aparições – “Guarda” – é localizado num alto, circundado de montanhas. Mais abaixo da montanha, num vale, está a casa dos pais de Maria da Luz, a 500 metros de distância.
Agora seguiremos com o relato de Pe. Kherle (foto, fonte Diário de Pernambuco).
Só com muita dificuldade cheguei em cima. Foi-me necessário tirar os sapatos para subir. O calor era insuportável. Numa distância de 40 a 50 metros, divisei o lugar das aparições e as duas meninas com o pai, os quais já estavam em cima; elas me diziam que a Senhora olhava para mim de cima, enquanto eu subia.
Eu olhei primeiro, examinando o que havia por ali: tudo era pedra e entulho; na nossa frente estava um formidável abismo; no lugar das aparições notava-se algo como em forma de quatro (4); no lado esquerdo outros números como um (1-1); no meio, uma linha branca, um pouco mais alta, que se podia alcançar só por meio de uma escada. “Lá está a aparição”, diziam as meninas; mas eu nada via. Sob a pedra que se achava diante de mim, numa abertura, corria um pouco d’água.
– Que está fazendo a aparição?
– “Está sorrindo”, disseram elas.
Perguntei ao pai de Maria da Luz se aquela água sempre existiu ali. Ele me disse: “Não; mas como muitos não acreditassem nas aparições, as meninas pediram um sinal; desde então começou a brotar água”.
Fiquei em cima com Maria da Luz e pedi que Maria da Conceição, com o sr. Arthur, se retirasse um pouco abaixo, na montanha. Assim eles dois nos podiam ver, mas não ouvir.
Então, eu disse à Maria da Luz: – “Dize-me agora a verdade e não pregues mentiras, pois do contrário serás infeliz para toda a tua vida”.
– Ela olha para cá e está sorrindo.
– Agora dize-me: como está Ela?
– Vejo uma bela Senhora, cujo vestido é creme, quase como vosso capote. O manto é azul celeste, pendendo do pescoço, onde está seguro por uma fivela, com pedras preciosas… Num braço está a criança.
– Em que braço? No direito ou no esquerdo?
A menina não sabia distinguir o braço direito do esquerdo. Fez uma vira-volta com o corpo e mostrou-me o braço esquerdo.
“Ela, como o menino, traz uma coroa de ouro na cabeça”, disse-me a jovem.
– E a outra mão? – perguntei.
Fez então uma nova vira-volta (apontando-me) mostrando-me o braço direito estendido para baixo.
“A criancinha enlaça o pescoço da mãe com o bracinho direito”, disse ela, dando uma vira-volta e apontando o braço. A senhora tem na cinta uma fita da mesma fazenda e da mesma cor que a do vestido. Vejo somente um dos pés.
– Qual deles? – perguntei.
Ela mostrou o pé direito, fazendo outra vira-volta.
“Atrás da Senhora vê-se um bonito oratório com duas torres fechadas. O oratório, que tem a forma de uma casinha, tem pedras preciosas nas suas torres”.
IV. Novas investigações
– Compreendeste alguma coisa do que eu disse a tua companheira? perguntei à moça.
– Não senhor, disse ela.
Então eu lhe disse: Maria da Luz já me disse tudo e confessou a verdade: tudo o que vós arranjastes é mentira e invenção. Agora quero que me digas também a verdade: não é certo que nada vês? A menina ficou como aterrorizada e olhando para o ponto das aparições, disse-me em tom choroso:
“Se Maria da Luz disse isto ou não, eu não sei; mas agora eu vejo a Senhora como antes”.
Procurei embaraçá-la por meio de muitas perguntas, a fim de averiguar se era imaginação… Eu sou padre, nada vejo! Tu que nada és, dizes que vês Nossa Senhora? Ela permaneceu sempre firme.
– Está bem – disse eu – dize-me o que vês agora.
Ela narrou tudo minuciosamente e fielmente como a sua companheira.
Quando ela apontava o lugar da aparição no ponto, eu dizia, para experimentá-la: Maria da Luz me disse que é noutro lugar, lá do outro lado. Então ela olhava para o lugar que eu dizia e respondia:
Não encontrei sequer uma contradição no que as meninas me diziam.
Chamei então Maria da Luz – deixando o pai onde estava – e perguntei a ambas se viam a Senhora. Ambas responderam: “Sim, vemos”.
– Perguntem a Nossa Senhora se ela me vê, disse eu.
Perguntaram, e Ela respondeu que sim.
– Sim, responderam, por Ela.
Fiz então umas oitenta ou noventa perguntas em alemão, que as meninas não compreendem e recebi todas as respostas certas. Eu recebia as respostas por intermédio das meninas, em português, fielmente conforme eu perguntava em alemão, como:
“Wer bist du?” (quem é você?)
“Wie heisst das Kind auf deinem Arm?” (como se chama a criança em seu braço?)
– Por que apareceis aqui?
– Quais são os castigos?
Não respondeu, fazendo sinal com a mão para fazer entender, ou que não podia falar, ou que não queria.
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– Podeis então dizê-lo mais tarde?
– Para que serve esta água?
– Para todas as doenças?
– Quem quiser pode tirar daquela água?
– Por que não pode tirar quem quiser?
Cortemos aqui as respostas, para destacar bem o que segue, pois é a parte essencial das revelações da Mãe de Deus.
V. Ameaças e remédios
O Sacerdote continua o mesmo interrogatório, penetrando cada vez mais no âmago das questões palpitantes que a Virgem Santa quer revelar.
– Qual é o fim da vossa aparição aqui?
– Quais castigos?
– Qual a invocação desta aparição?
– Que significa o sangue que corre das vossas mãos?
– Virá o comunismo a penetrar no Brasil?
– Em todo o País?
– Também no interior?
– Os padres e os bispos sofrerão muito?
– Será como na Espanha?
– Quais são as devoções que se devem praticar para afastar estes males?
– Não basta só uma?
– Quereis que se pregue sobre este assunto?
– Permiti-lo-ão as autoridades eclesiásticas?
Fez um gesto como se não quisesse dizê-lo.
– Darão licença mais tarde?
Fez um gesto com o dedo, com se quisesse dizer: “há muito tempo”.
Fiz ainda muitas perguntas, obtendo respostas certas.
Descendo, eu disse às duas meninas: “Agora vejam se a Senhora ainda está lá”. Responderam ambas: “Sim, Ela está em frente de sua casinha, abençoando-nos”.
– Para que tanta bênção? disse eu, como se estivesse amolado e em tom grave.
As meninas ficaram trêmulas e atemorizadas.
– Pergunta a Ela, para que tanta bênção!
– Para que sejais felizes, disse Ela.
Perguntei de novo, em alemão: “Somente as duas ou eu também?”
Responderam elas: “Para o senhor também”.
Obs.: Em Koenigsreuth, na Alemanha, viveu uma mística católica chamada Therese Neumann. Ela viveu somente da Eucaristia por muitos anos e teve muitas experiências místicas.
VI. Providências e oposições
As providências do Bispo foram as seguintes: que as meninas fossem examinadas pelo médico. Procedeu-se ao exame e averiguou-se que ambas são completamente sãs. A aparição repetia-se. Mas as contradições surgiam à medida que se falava nas aparições.
A água corria constantemente, em pouca quantidade, e como que saindo da pedra.
Mandou então o padre que as meninas perguntassem a Nossa Senhora quem havia mandado os soldados, e a resposta foi esta: “Quem mandou foi um padre!”
Quinze dias depois, uma carta das meninas chegou, dando-me o nome do culpado.
Entretanto, a água não corria mais naquele lugar, mas um pouquinho acima. As meninas afirmaram que tinham pedido a Nossa Senhora para fazer a água sair novamente; então começou a correr.
Outro fato sobre Maria da Luz: em todas as festas de Nossa Senhora, ela a viu na montanha de Guarda. Certo dia, perguntando algo a Nossa Senhora, recebeu esta resposta:
Recomendou de novo a devoção ao Coração de Jesus e a Ela.
Depois das aparições
Várias congregações não aceitaram receber “a vidente da Guarda” (Maria da Luz). Prontificou-se a recebê-la o Colégio Santa Sofia, de Garanhuns, da congregação das Damas da Instrução Cristã.
Em dezembro de 1940, Maria da Luz se preparava para a primeira vestição, recebendo o nome de sóror Adélia, prestando votos no Recife, onde permaneceu após ter percorrido várias casas da congregação em Nazaré da Mata, Campina Grande, Carpina, Vitória de Santo Antão, Itamaracá, etc. sempre respeitando e obedecendo às ordens das autoridades eclesiásticas.
Somente em meados de 1985 Irmã Adélia divulgou à Congregação todos os fatos até então de conhecimento limitado.
Maria da Conceição foi morar com parentes, depois de um casamento não consumado.
Quando Irmã Adélia esteve no Santuário em 1985, estava com câncer e tinha uma expectativa de vida de apenas três meses. Segundo contou Dona Júlia, irmã de Maria da Conceição, Irmã Adélia estendeu a sua visita de Cimbres até Arcoverde para despedir-se da amiga.
Sabendo do diagnóstico, Conceição convidou Irmã Adélia à oração e passaram horas dentro de um quarto, uma intercedendo pela outra.
Irmã Adélia voltou curada e viveu mais trinta anos após este dia.
Maria da Conceição faleceu em janeiro de 1999.
Nossa Senhora quer que (os jovens) lutem. Nossa Senhora quer que os jovens sejam corajosos para vencer. Amar o próximo como a si mesmo. Diversas vezes, ela me arrancou das mãos dos inimigos. Estou esperando a vez que ela me leve para o céu. Estou esperando este momento para que eu veja o céu aberto.
Irmã Adélia faleceu em dezembro de 2013.
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