A celebração da festa de todos os santos

 A celebração da festa de Todos os Santos

A palavra de Deus

“Ouvi, então, o número dos assinalados: 144 mil assinalados, de toda tribo dos filhos de Israel. Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua: conservavam-se em pé diante do trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão”. “Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro.” (Ap 7,4-14)

 

Vamos entender!

Essa imensa multidão de 144 mil, que está diante do Cordeiro, são todos os santos e santas, todos os servos de Deus, todos os mártires, de todos os tempos, que atingiram a graça da perfeição e foram canonizados pela igreja por meio da decisão infalível de algum papa, e todos aqueles, incontáveis, que conseguiram a salvação, e que desfrutam da visão beatífica de Deus mas que nós ainda não sabemos de sua existência, pois o número dos santos no céu é muito maior do que aqueles que foram canonizados e que estão nos altares das Igrejas. A grande maioria é desconhecida, mas são santos e estão no céu.

Lá, “eles intercedem por nós sem cessar.

Esses 144 mil significam uma grande multidão (12 x 12 x 1000). O número doze e o número mil significavam para os judeus antigos plenitude, perfeição e abundância; não é um valor meramente aritmético, mas simbólico.

Diante da Palavra de Deus e da tradição, a Igreja institui então o dia de todos os santos.

 

História

A festa de Todos os Santos começou a ser celebrada oficialmente no ano de 610. E aconteceu numa data muito especial: foi quando o Papa Bonifácio VI fez a dedicação do panteão, (que era templo pagão romano), a Nossa Senhora e a todos os Santos e Santas da Igreja. Na época, a festa começou a ser celebrada no dia 13 de maio. Mais tarde, o Papa Gregório IV mudou o dia da celebração para 1º de novembro, véspera do Dia de todos os fiéis falecidos, celebrado no dia 2 de novembro.

 

Qual a intenção da Igreja com essa festa?

O desejo maior da igreja ao instituir a festa e a devoção a Todos os Santos é chamar a todos os fiéis para o seguimento de Cristo Jesus, buscando inspiração no exemplo de Todos os Santos e Santas de todos os tempos, sejam eles conhecidos ou não. Esta comemoração leva todos os fiéis a se lembrarem de que são chamados à santidade, mesmo que, e principalmente, levem uma vida oculta e desconhecida.

Cada um de nós é chamado a ser santo. Disse o Concílio Vaticano II: “Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade” (Lg 40). Todos são chamados à santidade: “Deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48): “Com o fim de conseguir essa perfeição, façam os fiéis uso das forças recebidas (…) cumprindo em tudo a vontade do Pai, se dediquem inteiramente à glória de Deus e ao serviço do próximo. Assim, a santidade do povo de Deus se expandirá em abundantes frutos, como se demonstra, luminosamente, na história da Igreja pela vida de tantos santos”.

E contemplar essa força que os santos tiveram nos impulsiona e faz-nos crer que para nós tal graça também é possível, veja que estamos falando de homens comuns como nós e não de anjos, a santidade é um caminho da perfeição que passa pela cruz, não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual (cf. 2Tm 4), precisamos de modelos a seguir e de sua intercessão.

 

Podemos aprender com os santos

Há um caminho. Auxílios são necessários. Os santos nos ensinam: é necessário lutar e persistir e é possível ser santo. Eis as armas: oração, mortificação, vida sacramental, meditação, luta contra si mesmo, fidelidade, confiança em Deus , alegria na dor, oferecer tudo a Jesus. É necessário progredir espiritualmente, sem esforço não há resultado mas sobretudo: a devoção aos santos nos ensina que tudo acontece e existe pela graça de Deus e, não somente os nossos esforços humanos são capazes de nos levar à santidade, mas a mão poderosa do Senhor que nos conduz e nos ilumina.

 

A intercessão dos santos:

A Lumen Gentium do Vaticano II lembra: “Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por seguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (LG 49) (§956).

Na hora da morte, São Domingos dizia a seus frades: “Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida”. E Santa Teresinha confirmava esse ensino dizendo: “Passarei meu céu fazendo bem na terra”.

O nosso Catecismo diz: “Na oração, a Igreja peregrina é associada à dos santos, cuja intercessão solicita” (§2692).

A marca dos santos são as bem-aventuranças que Jesus proclamou no Sermão da Montanha; por isso, esse trecho do Evangelho de São Mateus (5,1ss) é lido nesta Missa. Os santos viveram todas as virtudes e, por isso, são exemplos de como seguir Jesus Cristo. Deus prometeu dar a eterna bem-aventurança aos pobres no espírito, aos mansos, aos que sofrem e aos que têm fome e sede de justiça, aos misericordiosos, aos puros de coração, aos pacíficos, aos perseguidos por causa da justiça e a todos os que recebem o ultraje da calúnia, da maledicência, da ofensa pública e da humilhação.

Que um dia possamos nós estar lá no céu, junto a Jesus, a todos os santos, à Maria Santíssima, adorando a Deus todo poderoso e enviando aqui para a Terra, a nossa intercessão!

Basta querer para que a força necessária nasça em nós, eu quero ser santa. E você?

Giuliane Matos

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