Santo Ambrósio, o grande bispo de Milão

Santo Ambrósio, o grande bispo de Milão

Bispo e Doutor da Igreja

Origens
Santo Ambrósio, de nobre e distinta família romana, nasceu em 340, em Tréveros, Alemanha, onde seu pai exercia o cargo de prefeito das Gálias. A mãe ficou viúva muito cedo e voltou a Roma levando seus três filhos: Marcelina, Sátiro e Ambrósio. Os três filhos desta boa mãe se tornariam mais tarde três santos da Igreja.

Homem Virtuoso
Muito cedo, Santo Ambrósio aprendeu a alimentar as virtudes cívicas e morais, ao ponto de ter sido, por volta do ano 370, governador das províncias da Emília e da Ligúria, com sede em Milão.

A Eleição
Com a morte do Bispo de Milão, chamado Ariano, Ambrósio foi para a eleição do novo Bispo, a fim de evitar grandes conflitos. Em meio à confusão, de repente uma criança grita: “Ambrósio, Bispo!”. O Clero e o povo aderiu e todos aclamaram: “Queremos Ambrósio Bispo!”. O povo teve que teimar durante uma semana, até que, vendo nisso a voz de Deus, Ambrósio, que ocupava alto cargo no Império Romano e somente era catecúmeno, cedeu à vontade do Senhor.

 

Imagem de Santo Ambrósio com um caderno em sua mão esquerda e segurando uma pena com a mão direita (uma caneta).

Santo Ambrósio: Bispo Eleito pelo povo

Bispo de Milão
O 1° Concílio de Niceia, em 325, tinha proibido que subisse ao Episcopado qualquer neófito. Mas o Papa e o Imperador aprovaram a eleição. Depois de batizado, foi ordenado sacerdote e, logo em seguida, Bispo de Milão. Tudo isso no ano de 374.

Doutor e Padre do Cristianismo no Ocidente
Providencialmente, usou as qualidades de organizador e administrador para o bem da Igreja, podendo assim atuar no campo pastoral, político, doutrinal, litúrgico, a ponto de merecer o título de grande Doutor e Padre do Cristianismo no Ocidente.

Figura Respeitada
Sua figura política ficou marcante, principalmente quando aplicou ao Imperador uma dura penitência pública comum, pois teria Teodósio, em busca de vingança, consentido uma invasão à cidade de Tessalônica, que resultou em muitas mortes.

 

 

Santo Ambrósio: Verdadeiro pastor e mestre dos fiéis

Buscava garantir a paz
Sua maior prioridade de vida foi garantir paz e concórdia ao povo sem jamais tolerar erros. Combateu o arianismo, que o levou a discordar de governantes e soberanos. No que diz respeito à Imperatriz Justina, que desejou restaurar a estátua da deusa Vitória, ele se opôs valentemente enquanto viveu.

Conversão de Santo Agostinho
Santo Ambrósio, como homem de Deus, partilhou sua riqueza material e espiritual com o povo, jejuava sempre, foi pai carinhoso e tão grande orador que teve papel importante na conversão de Santo Agostinho.

Páscoa
Incansável na oração, Ambrósio construiu basílicas, compôs hinos que mudaram a maneira de rezar. Deixou muitos escritos e morreu com 60 anos no dia 4 de abril de 397, após 23 anos de serviço ao seu amado Cristo, com estas palavras: “Não vivi de tal modo que tenha vergonha de continuar vivendo, mas não tenho medo de morrer, porque temos um Senhor que é bom”.

 

Com maiores detalhes:

Celebramos hoje a memória do grande S. Ambrósio de Milão, bispo e Doutor da Igreja. S. Ambrósio, tão conhecido por causa da conversão de S. Agostinho, ainda mais conhecido que ele, é para nós um exemplo não só de bispo, mas da atitude espiritual que devemos ter neste tempo do Advento.

Senão vejamos. S. Ambrósio, como muitos sabem, foi elevado ao episcopado de forma extraordinária. Reuniu-se em Milão uma espécie de assembleia em que o novo bispo seria eleito. Acontece que, infelizmente, havia partidos rivais digladiando-se, e aquilo começou a virar uma arruaça até à violência. Triste episódio em que cristãos, para escolher um bispo, acabaram precisando de uma “intervenção policial”, por assim dizer, e Ambrósio, como funcionário público, responsável pela ordem, foi lá, sendo ainda simples catecúmeno, justamente para apaziguar a situação.

Quando Ambrósio finalmente pôs tudo em ordem, uma criança começou a dizer: “Ambrósio bispo!”, e aquela vozinha foi tomada como voz de Deus. Todos, então, escolheram Ambrósio como o bispo que Deus queria. Ele foi imediatamente ordenado em todas as ordens menores e maiores e elevado ao episcopado.

Memória de Santo Ambrósio de Milão

 

Mas o que chama a atenção é que este homem, chamado para o episcopado sem talvez nunca ter imaginado que chegaria a tanto, não foi um bispo despreparado. Pelo contrário, ele fez o que é a ocupação principal de um bispo, como dizem os Apóstolos no livro dos Atos: “Não é razoável que abandonemos a Palavra de Deus, para administrar. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste ofício. Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra” (At 6, 2ss). Trata-se de ouvir a palavra de Deus e contemplá-la, para então poder pregar. É nisto que S. Ambrósio é, para todos, um modelo: não somente de bispo, mas de verdadeiro cristão.

Neste tempo de Advento, em que celebramos a vinda de Cristo a nossas vidas, demo-nos conta de que a vinda de Jesus a nossas almas se dá, sobretudo, por meio da oração: Fides ex auditu, a fé nasce do ouvir, e o ouvir a Deus e sua palavra só pode acontecer em atitude orante. Nós somos chamados, como cristãos, a abrir as portas do nosso coração para Deus que fala, para Deus que quer falar intimamente conosco na meditação da palavra, no contato assíduo com a palavra divina. Com efeito, foi isso que fez de S. Ambrósio um grande Doutor da Igreja. Ao estudar, Ambrósio pegava um volume aqui, outro ali e buscava sem descanso a verdade de Deus. Agostinho ficou edificado de ver que Ambrósio não se limitava a ler e estudar: havia nele algo de sobrenatural, de profundamente amoroso, como quem contempla o que estuda! É isso que nós, cristãos, precisamos fazer: ter vida de oração, vida contemplativa, e estar dispostos a ouvir o nosso divino Mestre. Não há coisa melhor para viver neste tempo de Advento (e, aliás, durante nossa vida inteira). É que o tempo do Advento, mais do que todos, é o tempo em que devemos estar mais atentos às visitas de Deus, ao advento de Cristo e às palavras que Ele nos traz. Como Samuel no Antigo Testamento, também os cristãos, imitando Ambrósio, devemos dizer: “Fala, Senhor, teu servo escuta!” (cf. Sm 3, passim). Escutemos a Deus, que nos fala por sua palavra, nos ilumina a alma e se torna presença e visita que alimenta e dá vida.

Fontes de pesquisa: Canção Nova, Propenae Nihill

 

Giuliane Matos

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